Síndrome Braquicefálica em cães e gatos

Cão da raça pug.

A síndrome braquicefálica é um problema bastante comum na rotina de clínicas veterinárias. Embora seja mais comum em cães, o problema também pode acometer os felinos.

A doença está diretamente ligada à raça do animal e, em alguns casos, pode gerar graves consequências para a saúde do pet!

A procura por animais de raça é bastante elevada no Brasil e também em outros países. Porém, algumas raças carregam características que nem sempre são desejáveis para manter a saúde do pet em dia, como é o caso da síndrome braquicefálica.

Neste artigo iremos abordar o que é o problema e outros pontos importantes, como as principais raças acometidas, como pode ser feito o diagnóstico e as possibilidades de tratamento disponíveis. Confira e saiba como melhorar a qualidade de vida do seu pet!

O que é a síndrome braquicefálica?

Caracterizada por diversas anomalias anatômicas e funcionais, a síndrome braquicefálica acomete animais de focinho curto, sendo que quanto mais “achatada” a face do animal, maior o acometimento pelos problemas relacionados à braquicefalia.

Dentre as principais anomalias que ocorrem na síndrome estão:

  • Alterações nos seios/conchas nasais, prejudicando o percurso do ar até os pulmões.
  • Estreitamento de narinas, que também prejudica a captação de ar.
  • Prolongamento de palato mole (estrutura presente no céu da boca, próximo à laringe).
  • E outras alterações.

Embora muitos dos problemas citados estejam localizados na região da cabeça e face do animal, as alterações tornam-se sistêmicas, já que afeta diversas estruturas com funções vitais.

Cachorro bulldog francês fazendo raio-x.
Fonte: Shutterstock

Principais raças acometidas

Como citado acima, as raças braquicefálicas são caracterizadas por possuírem o focinho e o crânio como um todo achatados. Com isso, outras alterações anatômicas ocorrem, como por exemplo a aparência dos olhos, que tendem a ser mais expostos nessas raças.

As raças braquicefálicas mais presentes no Brasil incluem:

  • Pug: considerada a mais braquicefálica entre as demais.
  • Buldogue Inglês.
  • Buldogue Francês.
  • Pequinês.
  • Boxer.
  • Lhasa Apso.
  • Cavalier King Charles Spaniel.
  • Gato persa.
  • Entre outras.

A síndrome pode representar sérios riscos para a saúde do pet

Além dos sinais clínicos comuns presentes na síndrome braquicefálica, como veremos no tópico seguinte, a doença pode ainda evoluir para quadros muito graves, podendo inclusive causar o óbito do paciente devido às complicações.

Por exemplo, animais podem apresentar falta de ar devido a dificuldade na passagem do ar pelas vias aéreas superiores. Isso faz com que o mesmo entre em um quadro de hipóxia, que é quando ocorre a oxigenação insuficiente do organismo. Com isso, o pet pode apresentar agonia respiratória ou até mesmo desmaio.


Outro problema comum nesses animais é a dificuldade na termorregulação (regulação normal da temperatura do pet, conhecida também como “troca de calor”). Diferente dos seres humanos, os cães realizam troca de calor através da boca. Quando o pet é braquicefálico ocorre um prejuízo na captação de ar pelas narinas, o que faz com que o animal respire mais através da boca. Porém, quando isso ocorre, a troca de calor é prejudicada. Além disso, a respiração pela boca tende a causar aerofagia (que é quando o pet engole gás), gerando acúmulo de gases no intestino e estômago e gerando portanto dor abdominal e desconforto.

Quando a obstrução de vias aéreas ocorre de forma muito severa, pode também evoluir para um quadro de edema pulmonar, representando um sério risco para a vida do animal.

Essas são apenas algumas das possíveis evoluções da síndrome braquicefálica, porém existem muitas outras, evidenciando ainda mais a importância do diagnóstico e acompanhamento com o médico veterinário.

Quais sinais clínicos o animal pode apresentar?

Os principais sinais clínicos apresentados rotineiramente pelos animais estão:

  • Ruídos respiratórios, facilmente percebidos pelos proprietários, principalmente após passeios ou durante a noite.
  • Dificuldade respiratória.
  • Mucosas cianóticas (com aspecto azulado ou roxo), devido à oxigenação insuficiente dos tecidos.
  • Tosse.
  • Alterações vocais.
  • Engasgos frequentes.
  • Entre outros.

Vale lembrar que nos gatos os sinais clínicos são mais sutis, até pelo fato de que os felinos geralmente são mais tranquilos em relação ao nível de atividade, podendo portanto ser menos perceptível aos olhos do tutor.

Cão pug com sobrepeso deitado.
Fonte: Shutterstock

Exames para diagnóstico

Os exames de diagnóstico são essenciais principalmente para propor um tratamento mais efetivo ao pet. Os principais exames de diagnóstico incluem os de imagem, como:

  • Tomografia computadorizada ou Ressonância magnética: Os exames avançados de imagem serão essenciais para avaliar o acometimento das cavidades nasais, como por exemplo as estruturas conhecidas com conchas e meatos nasais, que são afetadas quando o problema ocorre, mas não é possível visualizá-las através do exame físico ou de exames de imagem mais simples.
  • Laringoscopia: O exame é basicamente uma endoscopia da laringe, que permite avaliar melhor o palato mole e a laringe, avaliando melhor as alterações presentes nessas estruturas e permitindo portanto uma recomendação de tratamento mais assertiva.

Como tratar a síndrome braquicefálica em cães e gatos

O tratamento em casos mais graves pode contemplar a recomendação de correção cirúrgica. Geralmente a correção cirúrgica envolve ao menos dois procedimentos: a estafilectomia e a rinoplastia.

A estafilectomia consiste na redução do prolongamento do palato mole. Com isso, é possível desobstruir a passagem do ar para a traqueia, que antes era comprometida pela presença da estrutura.

Na rinoplastia é feita a correção da abertura das narinas, para que o ar consiga passar pelo local com mais facilidade. Porém, o procedimento não corrige as deformidades mais internas, como as localizadas nas conchas nasais.

Outras recomendações poderão ser feitas pelo médico veterinário, sendo imprescindível a avaliação do pet e a realização de exames complementares, para que possa ser recomendada a melhor opção de tratamento para aquele caso.

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